terça-feira, 30 de setembro de 2008

Locomotiva


O Estação 2000 evoca outros tempos que não este século. O salão principal abriga um bar, a pista de dança que possui palco e um ambiente com mesas e cadeiras. Ao fundo do palco, a imagem em grande escala do logotipo da boate, uma locomotiva, dá personalidade ao ambiente. A composição dos espaços lembra um cabaré da década de 60, daqueles vistos em minisséries e filmes nacionais, em tons de abajur cor de carne.

Durante a semana, a boate recebe travestis e drag queens para apresentações de dublagem. Aos sábados, dois cantores se revezam no palco do Estação. A performance dos dois reforça a sensação de não estar no presente, o que não é necessariamente ruim. Acompanhados da batida de um karaokê, Ângela Evans e Wellington Faria cantam sambas tradicionais, músicas sertanejas, clássicos da MPB e os últimos sucessos de Beyoncé ou Rihanna em versões alternativas e até remixadas.

No início da noite, o clima é de reunião de amigos que se conhecem por mais de uma década ou encontros na mesa de bar, homens acima dos 30 anos debruçados sobre o balcão bebericam enquanto conversam. As mesas nos cantos da pista de dança abrigam os mais observadores. Pouco antes da meia noite a boate começa a esquentar e ganhar traços de balada gay. O público se multiplica, a música anima a pista e tem início a jogação – de braços, pernas, cinturas e cabelos, ainda que algumas vezes escassos.

O Estação tem forte apelo para quem procura paquera e pegação, a entrada costuma ser barata em relação a outras casas e o público, mais maduro. A partir das duas da manhã o limite máximo de lotação favorece ainda mais as interações físicas.

No fim da nossa visita, avistamos um padre ortodoxo circulando faceiro entre a massa do Estação.

Estação 2000
Avenida Barbacena, 823 
Barro Preto - BH

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Invisibilidade lésbica

Enquanto estamos muito entretidos escrevendo o livro, o relatório técnico e transcrevendo entrevistas:

















Certamente eu queria dizer límbicas.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Léo Batista e Bebel Sampaio















































Imagens que valem mil palavras.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A mais famosa de todas


A Josefine fica bem ali na Antônio de Albuquerque, perto do Café com Letras. Provavelmente você já deve ter ouvido falar. A última vez que fui no local foi há uns dois, três meses atrás, numa quinta-feira, famosa Quinta Mix. Era dia de decisão do Mr.Gay Minas e eu estava lá pra fazer cobertura pra Rádio UFMG Educativa. Só pra constar, o vencedor foi Patryck Scalco, da cidade de Machado, que por sinal, não compareceu à competição do Mr.Gay Brasil semana passada. Enfim. Vamos falar da casa. Como eu era a única pessoa da imprensa no local, era alguém na noite. E quem é alguém na noite tem privilégios. Pude acessar a pista 2 da Jo, que nesse dia era só pra VIP's, com direito a suco e álcool de graça. Mas não bebi pra dar uma geral no lugar, que tem decoração futurista, daquele futuro imaginado décadas atrás.

O que bomba mesmo é a pista 1, que ocupa mais espaço e fica no primeiro andar. É lá que as pessoas interagem, dançam com mais efusividade e se pegam. Um detalhe do lugar é que os rapazes tiram a camisa pra dançar e exibir o resultado de anos de ferro puxado na academia. Não há restrições quanto a temperatura, era inverno na época e eu fazia parte da meia dúzia agasalhada. Depois de quatro incursões seguidas à casa, notei que o número de descamisados aumenta a partir de uma da manhã. Meia hora depois aumenta o número de casais.

Por volta das duas horas, Walkíria La Roche sobe no palco. Se você não sabe quem é, também não preciso dizer. Mentira, ela é trans e faz as honras da Josefine. Brinca com a platéia, dança e apresenta as atrações: gogo boys sarados, que mexem o corpo pra lá pra cá, tentando mostrar alguma sensualidade. Logo em seguida, dois rapazes entram mostrando tudo mesmo. Ouve-se gritos e suspiros.

Mais um detalhe da Jo: no canto direito do palco existe uma portinha que dá acesso aos camarins, ao lado fica uma escada que leva ao dark room. Pra quem não sabe, a dark é uma sala escura (!), onde as pessoas entram e se pegam (mesmo), sem saber quem é (são) a(s) outra(s) pessoa(s).

Para conferir
Josefine (quintas e sábados)
Rua Antônio de Albuquerque, 729 - Savassi
P.S: Em outros dias, o local se traveste de Roxy e se torna hetero.

domingo, 7 de setembro de 2008

Crime do parque

Convite para o lançamento do livro Paraíso das Maravilhas - Uma história do Crime do Parque, de Luiz Morando:


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Amici



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Dois pro lado, dois pro outro, um passo pra trás, outro pra frente, levanta a perninha e repete outra vez. Não é academia de ginástica, nem Missa do Padre Marcelo. O pessoal que freqüenta o Amici Club, de BH, dança desse jeito mesmo, fazendo passinho com a música pop (com o funk tb). A anfitriã da casa é Bebel Sampaio, versão travestida de Léo Batista. De cara ela percebe que é nosso debut no local, explica de forma muito atenciosa que a entrada é 5 reais revertidos em consumação e recomenda diversão. A gente agradece.

É difícil explicar a decoração do lugar, na falta de adjetivos, fica a definição "eclética". Na porta, uma estrela inflável de várias pontas cintilava solitária. Na parte interna, um clima de aniversário de dias antes: faixas de papel crepom perpassam juninamente o teto, enquanto uma dúzia de balões meia bomba compõe o clima nostálgico de festividades da véspera. Um globo de vidro, lampadinhas coloridas, desenhos de homem e mulher pelados mais bolinhas pintadas na parede também ornam o local.

O primeiro andar da boate é dividido em dois ambientes, o primeiro com o bar e o segundo com a pista de dança. Entre eles, uma passagem aberta e outra ‘secreta’ num corredor localizado embaixo das escadas que levam ao banheiro feminino e à lan house do segundo andar. A passagem secreta emanava uma vibe de dark room potencial, só que estava vazia quando fomos espiar.

Na contramão de outros espaços, a pista de dança no Amici divide espaço com meia dúzia de mesas. E olha, quem teve essa idéia deveria ganhar um prêmio, porque depois de duas horas de bate-cabelo intenso, uma cadeira é que nem Coca no Saara. Outra idéia boa do lugar é vender cachorro quente a um preço módico, porque em boate glamurosa, todo mundo dança a noite inteira e faz carão de estômago vazio.

Na pista de dança, um go-go boy, que horas antes chegou num Passat branco, subiu no palco e levou homens e mulheres a loucura com sua dança sinuosa (típica dos gogos, aliás). Depois da apresentação, o gogo de sunga sentou numa mesa ao lado da nossa, de onde foi possível ouvir o assédio de duas fãs.

Antes de sair, experimentamos o cachorro quente, que vem com queijo, passas e ervilha. Não fosse pela temperatura, o molho estava um pouco frio, teríamos aprovado com louvor. Na hora de pagar, Bebel Sampaio, que já tinha dado uma volta pela pista, estava no caixa e quis saber por que a gente ia embora tão cedo (era uma hora da manhã). Interrompeu sua curiosidade para repreender um segurança que se enrolava com uma comanda: - Aprende a trabalhar, pô! Certeza que a fala era de Léo Batista e não Bebel.