quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Barbie boy, in a barbie wear.


“O mundo Barbie é cor-de-rosa, feito de sonhos e fantasia, onde tudo é possível.”, Cláudia Garcia, Almanaque Folha, sobre a boneca. 

A boneca Barbie foi criada em 1959, nos Estados Unidos, por Jack Ryan a pedido de Ruth Handler, esposa do dono da fábrica de brinquedos Mattel. Loura, de corpo esguio, mas bem torneado, a boneca é vendida em todo o mundo, seja em sua versão tradicional ou em versões temáticas: Fundo do Mar, Barbie Estrela, Barbie Borboleta... Já protagonizou dezenas de filmes, entre eles “A Magia do Arco-Íris”, lançado em 2007. Quase toda menina menor de 10 anos sonha ou já sonhou em ter um exemplar. Mas a Barbie não é sozinha no mundo, desde 1961 conta com a companhia de Ken, seu namorado, rapaz levemente bronzeado, corpo bem esculpido e cabelo liso ornado por um sutil topete.

Por um desvio de significado, a descrição de Ken caberia bem a qualquer barbie, personagem encontrado nas baladas gays aos montes. Malhados, bronzeados, cordão de prata no pescoço, cueca Calvin Klein com elástico à mostra, um jeito de dançar que evidencia cada músculo trabalhado na academia e expressão facial que ignora qualquer crise econômica ou as pessoas à volta. Quando optam por desprezar o uso da camisa, ficam bem semelhantes ao Ken da linha Barbie vai à Praia.

O sociólogo Carlos Figari, em seu livro, “@s Outr@s Cariocas –Interpelações, experiências e identidades homoeróticas no Rio de Janeiro – Séculos XVII ao XX”, relata que o grupo não desperta muita simpatia entre outros gays: “Uma das mais concisas e pejorativas que ouvi a seu respeito é que ‘barbie tem corpo de Tarzan, cabeça de chita e voz de Jane’. Entretanto, essa rejeição encobre o fato de que a maioria dos outros as desejam, seja como modelo estético ou erótico”. O sociólogo completa o raciocínio lembrando que homens que ilustram capas de revistas gays, go-go boys e modelos publicitários, ao menos esteticamente, se assemelham às barbies.

Nesse momento, cabe um parêntesis: não se sabe porque, as barbies são chamadas assim, no gênero feminino, mas como todo mundo se refere dessa forma a esse grupo, da mesma forma será feito aqui. Preconceitos à parte, a tribo das barbies surgiu nos Estados Unidos na década de 80 como resposta às imagens de gays destruídos pelo mal da década, a Aids. Daí o excessivo cuidado com o corpo e a aparência, a falta de inibição em se mostrar, que se somam ao apreço a determinadas marcas e produtos e o gosto por música eletrônica.

Embora existam tantas definições sobre o que é ser barbie, seja a boneca ou a identidade, como visto acima, é difícil encontrar alguém que declare: “Sou uma barbie”. Segundo Carlo Figari, ainda em seu livro, entre elas não há uma autoconsciência coletiva. Na verdade, o grupo se constitui mais por compartilhar gostos e estilos de vida comuns do que usar uma camisa com a palavra “barbie” estampada, a estampa Everlast já é suficiente.

Nas noites de Belo Horizonte, pessoas caracterizadas como barbies costumam se concentrar principalmente na Josefine, embora não se sintam desconfortáveis na Miss Pig. Elas também costumam se reunir em PVT’s, festas privadas em sítios, onde rola muita música eletrônica e elas podem se exibir à beira da piscina.

P.S: Essa é uma partezinha do livro-reportagem, que fica pronto na sexta-feira!! Como está editada, tem muito preconceito destilado.  No desenvolvimento do texto, a coisa fica mais amena com as barbies, que são pessoas legais ;). Leia e comente.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Fora da barraca

Se nosso trabalho fosse feito em Salvador, a Barraca Aruba seria lugar obrigatório de passagem.




P.S: a gente também somos CDF!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

É isso aiiiií....


Enquanto a revista americana Out fez a lista dos cem maiores álbuns gays da história e o Gay Blog publicou as mais mais brasileiras, a gente defende a publicação da lista das mais lésbicas do Brasil. Em nossas incursões por bares e boates de BH, foi possível descobrir algumas preferências musicais das meninas. Óbvio que não se trata de nenhuma investigação científica profunda, por isso a coisa é meio anárquica mesmo.

Bom, pra começar, elas gostam muito das divas da MPB e tão se lixando pra Madonna, Rihanna, Beyoncé ou qualquer coisa do tipo. O que bomba são os graves melancólicos de Nana Caymmi, a rouquidão de Cássia Eller, a força de Zélia Duncan e a voz fálica de Ana Carolina. Isso sem contar outras como Maria Bethânia, Gal Costa, Zizi Possi, Joanna, Marisa Monte e Renata Arruda. Algumas canções dessas intérpretes são alçadas ao patamar de hinos e emocionam repetitivamente as platéias de barzinhos.

A canção Ouro pra mim “Mudou tudo no amor, outra cara, outra forma de ver e sentir, o que antes eu não entendia agora é ouro pra mim”, do compositor Peninha, é exemplo de hino não oficial. Sucesso na voz de Renata Arruda em 1999, na trilha da novela Andando nas Nuvens, é cantada do início ao fim pelos freqüentadores da Gis.  Sinais de fogo, “Porque você não olha cara a cara, fica nesse passa não passa, o que te falta é coragem” composta por Ana Carolina e Antonio Villeroy, lançada em 2004 por Preta Gil, também não foi esquecida. Em comum, essas músicas têm temática de amor e trechos que podem ser interpretados como mensagens implícitas sobre desafios da sexualidade marginalizada, por isso ganham a simpatia das dykes.

Além das músicas recolhidas em observação participante, também temos outras canções que são hinos do amor entre mulheres: Resposta ao tempo, da Nana Caymmi; Asa Morena, de Zizi Possi; Várias da Simone; Veneno, da Marina Lima (opinião nossa, como todo o resto, aliás). 

Okay, a gente sabe que tem outras várias, que tem injustiça, mas é de propósito. Se você lembrar de mais alguma, coloque nos comentários! A gente agradece.

P.S: Fomos divulgados pelo BHY, fato que nos deixou realmente comovidos.